quarta-feira, 18 de maio de 2011

ECLESIOLOGIA DO MOVIMENTO NEOPENTECOSTAL

Por Gilson Barbosa
Uma sucinta análise da eclesiologia utilizada no Movimento Neopentecostal que os distanciam em vários sentidos do movimento pentecostal clássico.
  O Movimento Neopentecostal trouxe para o cenário evangélico, muitas inovações ou modernidades nunca antes encontradas no movimento pentecostal clássico: Teologia da Prosperidade, doutrinas heterodoxas, estilos musicais extravagantes, apelo monetário atrevido nos cultos - aos fiéis, marketing televisivo, triunfalismo terreno, materialista e excessivo, doutrinas paganizadas, cultura social secularizada, entre outros.
Se por um lado teólogos, apologistas e pastores ortodoxos doutrinariamente combatem estes itens elencados no parágrafo anterior, por outro, infelizmente, outros pastores, igrejas e lideranças do movimento pentecostal clássico – especialmente a Igreja Evangélica Assembléia de Deus - aderiram e moldaram-se ao estilo neopentecostal.  Com certeza, estas igrejas, “pagarão” um preço muito alto por isso.       
Ponto de vista sociológico
Antes de proceder, à breve análise do culto neopentecostal, é interessante compreender os movimentos evangélicos sob o ponto de vista sociológico.
Existem várias classificações dos movimentos evangélicos, mas alguns são mais eficientes e condiz com a realidade. Ricardo Mariano, mestre em sociologia pela USP, classifica em: pentecostalismo clássico, deuteropentecostalismo e neopentecostalismo. Paul Freston, doutor em sociologia pela UNICAMP, classificou as fases distintas do pentecostalismo de “ondas” ou mais precisamente de 1ª, 2ª e 3ª ondas.
As fases do Pentecostalismo
1ª Onda – Pentecostalismo Clássico (Assembléia de Deus e Congregação Cristã – na década de 1910)
2ª Onda – Período Médio do Pentecostalismo (Igreja do Evangelho Quadrangular, Brasil para Cristo e Deus é Amor – na década de 1950);
3ª Onda – Neopentecostais (Universal do Reino de Deus, Internacional da Graça e todas as outras – a partir da década de 1970).
NOTA: Uma regra geral é averiguar a data da origem do movimento e a partir daí proceder à classificação sociológica. As nominações das igrejas seguem praticamente a mesma ordem do sociólogo Paul Freston, na classificação diferente de Ricardo Mariano.
Eclesiologia Neopentecostal
Geralmente estes movimentos não enfatizam seus Credos religiosos ou Declaração de Fé, como fazem as igrejas evangélicas tradicionais, por isso, há dificuldade em analisar pontos doutrinários.
Nos pontos fundamentais da fé cristã apresentam coerência com as igrejas históricas, mas, uma pesquisa mais profunda nota-se que há pontos paradoxais e muitas contradições teológicas, e, devido a isso a comunhão fraternal entre as igrejas (pentecostal e as neopentecostais) torna-se emblemática e até mesmo impossível. Infelizmente, há pastores, que devido a interesses – que não me interessam – e depois de muito “profetizarem” contra as práticas doutrinárias do movimento neopentecostal, hoje em dia, utilizam os seus métodos de pregações, seus métodos de extorquir financeiramente a igreja de Deus, posam em fotos juntos, concordam com as práticas dos líderes neopentecostais, inclusive se tornaram concorrentes na área financeira adquirindo carrões e jatinhos – o que me leva a pensar que nossos crentes precisam sentar nas cadeiras de escolas teológicas e refletir sobre esse assunto, senão continuarão sendo vítimas destes loucos ambiciosos e ávidos avarentos.  
Devido o caráter emergencial e prático deste artigo analisaremos, resumidamente, o aspecto eclesial do movimento neopentecostal e não o aspecto teológico. É fato que os movimentos apresentam problemas nestes dois pontos. O ponto teológico pode ser analisado em outra oportunidade.  Passemos então ao sistema eclesiástico dos movimentos neopentecostais.
A ênfase do culto neopentecostal
A ênfase, em culto neopentecostal, recai sobre o ser humano – é o famigerado antropocentrismo. Este é o elemento de suma importância no culto. Tudo gira em torno de que suas necessidades, quase sempre materiais, sejam prontamente atendidas por Deus. Para eles o que importa é que Deus quer, a todo o custo, enriquecer o fiel, e, caso não seja assim, o crente tem a obrigação e o direito de indagar a Deus a ausência das bênçãos financeiras. A “adoração” a Deus fica reservada apenas no momento da apresentação do (s) grupo (s) musical (ais). Contudo, é fato estabelecido que o objetivo primordial do culto é adorar ao Senhor. Outrossim, adoração é um estilo de vida do cristão, ou seja, esta é uma prática habitual e cotidiana. Quanto a liturgia ela segue visivelmente o binômio: louvor e pregação. E pregação, diga-se de passagem, da pior espécie. Em sua maioria não há escolas teológicas, estudos bíblicos específicos ou escolas dominicais.
O líder
È curioso como os seguidores devotam tanta atenção e ao líder – beirando a idolatria. Não que os que lideram igrejas não mereçam honra e respeito por parte dos liderados, mas, o que temos visto são atos, acentuo, quase idolátricos. Recentemente fiéis, incrivelmente, tatuaram em seus corpos o nome de certo bispo retratando fidelidade a ele, mesmo sob a comprovação evidente, de que ele, juntamente com sua esposa, foi flagrado no aeroporto de Miami com US$ 56,4 mil dólares dentro da Bíblia sem apresentarem justificativas verdadeiras e concretas para tal ato. (leia a notícia aqui).  Isso não significa que no movimento pentecostal clássico não existam pastores que gostam de ser bajulados ou lisonjeados, nem que adeptos (membros) não admirem excessivamente tais pastores, mas sim que esta não é característica peculiar deste movimento.
Pregação
A pregação de um culto neopentecostal é o maior instrumento de aferição deste movimento. São pregações textuais ou temáticas com ênfases em prosperidade material. Não há espaço para as pregações expositivas – consideradas pelos teólogos ortodoxos como a que tem maior eficácia doutrinária na condução do povo de Deus. Não que as pregações temáticas ou textuais sejam erradas, mas que, é a melhor forma deles pregarem a teologia da prosperidade, a confissão positiva, a maldição hereditária, etc. Aliás, não posso deixar de mencionar que esse tipo de pregação neopentecostal tem sido executada por muitos pregadores “famosos” nos círculos pentecostais, classificados como clássicos. “Seus sonhos serão realizados”, “sonhe os sonhos de Deus”, “Deus vai te prosperar”, “você não morrerá antes da promessa de Deus se realizar na sua vida”, “você é campeão”, são algumas declarações de frases e jargões usadas nas pregações neopentecostais. Não se menciona a obra de Cristo, sua redenção, ressurreição, arrebatamento da igreja, batismo com o Espírito Santo, o cuidado com a santidade, e outros assuntos similares.  
Proselitismo
A maioria das igrejas clássicas, como a Assembléia de Deus, por exemplo, aumentaram a quantidade de membros em suas igrejas através do evangelismo pessoal, do evangelismo em massa, dos cultos ao ar livre – não que não existam nas ADs membros oriundos de outras denominações.
Não acontece o mesmo nas igrejas neopentecostais. A maioria dos membros destas igrejas migraram das igrejas antigas atraídos pela liturgia.  Em algumas igrejas neopentecostais percebe-se nitidamente que a maioria dos membros são jovens, pois, certamente este modelo agrada mais a juventude – é o caso da Batista da Lagoinha. Outros são atraídos por pregações enfáticas em assuntos periféricos (como curas) quando contraposto com as doutrinas fundamentais – é o caso da Mundial do Poder de Deus. 
O oficio ministerial
A história eclesiástica comprova que os três ofícios, ministeriais, nos primórdios da igreja eram: bispos, presbíteros e diáconos. O que se nota nos movimentos neopentecostais é títulos nada condizentes com a história neotestamentária da igreja. Um dos títulos mais destacados, no ministério eclesiástico, é o de Apóstolo. Já no grupo de louvores são Levitas. Não é de entendimento teológico correto denominar alguém de apóstolo com idéias similares as dos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo. Não quero ser incorreto e nem julgar maldosamente, mas pra mim quando alguém se auto intitula apóstolo o faz com intenções nada boas. Querem arrogar imunidade espiritual, eclesiástica e pessoal com fins de autoridade sobre os membros.
O batismo com o Espírito Santo e os Dons do Espírito Santo
Tanto o batismo com o Espírito Santo (falar em línguas desconhecidas) ou os dons do Espírito Santo não são seriamente buscados no movimento neopentecostal. Aliás, em algumas igrejas eles não são comentados, ensinados ou os membros são incitados a buscarem com afinco. Se o (s) critério (s) histórico para classificar uma igreja de pentecostal é o falar em línguas desconhecidas (glossolalia) e buscar os dons espirituais, muitas igrejas não são pentecostais no sentido clássico. É bom que se defina assim, para que os estudiosos irreligiosos, céticos, ateus, secularistas, não coloquem todos os pentecostais clássicos no mesmo balaio. Por outro lado, é bom também que alguns tradicionais reformados parem de fazer menção pejorativa do pentecostalismo clássico por conta dos neopentecostais. É bom que saibam leitores, que as igrejas Assembléias de Deus, por exemplo, há muito tempo tem se preocupado e incentivado seus membros a estudarem teologia. Se isso é pouco para alguns, é um passo extremamente importante para a uma doutrina sadia.  
Advertências pentecostais
É verdade que há pessoas salvas e até conquistas de algumas bênçãos espirituais ou materiais no Movimento Neopentecostal. Porém, só Deus pode avaliar questões essenciais, subjetivas e pessoais. No caso das igrejas, elas pecam por omissão, transgressão, certas convenções e muitas transgressões bíblicas. A meu ver as lideranças neopentecostal deveriam arrepender-se de distanciarem tanto da ortodoxia teológica, doutrinária e bíblica, e por fim levar a grande massa do povo, membros das suas igrejas ou de outras, para uma compreensão confusa, equivocada e divorciada do que de fato seja cristianismo autenticamente bíblico. Penso que ainda que seja impossível isso acontecer, pelo menos é o que deveria obrigatoriamente acontecer. Que estes fatos e essa breve reflexão sirvam também de alerta a todos os crentes que aderiram ou preferem aderir ao Movimento Neopentecostal e que também seria interessante investir no discipulado de novos crentes. Estas são advertências pentecostais ao Movimento Neopentecostal. Que Deus nos ajude!
            
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