quinta-feira, 18 de agosto de 2011

JESUS ERA APOLOGISTA? (Parte I)

Por Gilson Barbosa
Analisando os aspectos humanos em Jesus podemos concluir que Ele, não foi somente um dos maiores líderes, um dos mais influentes mestres em Israel, uma pessoa com grande capacidade de influenciar os demais, mas também sem dúvida o maior dos apologistas. Conforme sabido de antemão a apologética é a defesa racional do cristianismo. Deve ficar claro, porém, que esse tipo de defesa faz uso dos elementos escriturísticos, espirituais, idiomáticos, culturais, sociais, e não do racionalismo. Os apologistas cristãos usam a razão, as evidencias e as provas para apresentar um argumento convincente em favor do cristianismo, para desafiar a incredulidade, para expor erros, e defender a mensagem do evangelho. Sem dúvida a apologética era parte essencial no ministério de Jesus. Ele atribuía importância em todas as áreas no seu ministério terreno e não se limitava as ações místicas.
A Bíblia nos ordena em I Pedro 3:15: “antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós”. A tradução espanhola Reina-Valera no mesmo texto diz: “sino santificad a Dios el Señor en vuestros corazones, y estad siempre preparados para presentar defensa con mansedumbre y reverencia ante todo el que os demande razón de la esperanza que hay en vosotros”. Todos os cristãos, segundo o apóstolo Pedro escreve, devem oferecer uma resposta (ou apresentar uma defesa) bem fundamentada para a nossa fé em Cristo a um mundo descrente. A Apologética depreende que o cristão saiba com fundamento responder por que ele crê no que as Escrituras ensinam e que acreditar nela é um exercício da mente. Alguns pensam que ser “crente” é pautar sua vida por uma espiritualidade alheia e dissociada de um processo de reflexão.
Outros pensam que basta apenas cumprir o Ide de Jesus, e o restante deixa que as Escrituras Sagradas e o Espírito Santo resolvam. No entanto, o mesmo Deus que nos deu a fé, também nos criou com capacidade de refletir, ponderar, analisar, criar, inventar e é óbvio que necessitamos de razões sólidas ou evidencias para crer ou não em todas as coisas. Por analisar em Jesus apenas os aspectos espirituais e místicos muitos não atentam para o fato de que Ele se importava com a apologética.  Devemos seguir o exemplo de Jesus nessa questão. 
Jesus fez afirmações extraordinárias quanto a ser o Filho de Deus. Afirmou ser a fonte da vida, perdoar os pecados, personificação da verdade, e ter autoridade sobre a Lei do Antigo Testamento. Tais reivindicações foram recebidas com ceticismo, dúvida e hostilidade. Jesus sabia que Ele estava fazendo reivindicações notáveis, e não esperava que as pessoas simplesmente acreditassem no que ensinava sem boas razões. Ele não almejava ou procurava que as pessoas exercessem um tipo de “fé cega”. Jesus sabia que os seres humanos são racionais e morais, pois foram criados à imagem de Deus. Portanto, temos condições de exercer a nossa capacidade racional de investigar as evidências antes de tomarmos decisões.
Jesus afirmou muitas coisas “estranhas” aos judeus religiosos e realizou muitos milagres que deveriam possuir argumentação convincente e articulada a fim de sustentar quem de fato ele era: O Messias prometido. Para tanto ele fez uso de certos elementos aceitáveis aos judeus de sua época que servem de modelo para que os cristãos de hoje apresente a este mundo cético e carente de respostas. Segundo os estudiosos a apologética de Jesus envolvia: o depoimento de testemunhas, o uso da razão, o uso da apologética nas parábolas e nos milagres efetuados por ele. 
CONFIRMAÇÃO POR MEIO de testemunhas
A fim de contextualizar o argumento leia o acontecimento relatado pelo evangelista João (5.1-8):
 “Passadas estas coisas, havia uma festa dos judeus, e Jesus subiu para Jerusalém. Ora, existe ali, junto à Porta das Ovelhas, um tanque, chamado em hebraico Betesda, o qual tem cinco pavilhões. Nestes, jazia uma multidão de enfermos, cegos, coxos, paralíticos [esperando que se movesse a água. Porquanto um anjo descia em certo tempo, agitando-a; e o primeiro que entrava no tanque, uma vez agitada a água, sarava de qualquer doença que tivesse]. Estava ali um homem enfermo havia trinta e oito anos. Jesus, vendo-o deitado e sabendo que estava assim há muito tempo, perguntou-lhe: Queres ser curado? Respondeu-lhe o enfermo: Senhor, não tenho ninguém que me ponha no tanque, quando a água é agitada; pois, enquanto eu vou, desce outro antes de mim. Então, lhe disse Jesus: Levanta-te, toma o teu leito e anda”.
Jesus curou este homem, que sofria a 38 anos, num dia de sábado. Os judeus legalistas, incapacitados de olharem o milagre ocorrido de maneira positiva, e se alegrarem com o fato, perguntaram ao homem curado quem havia dito que carregasse sua esteira, sendo sábado. Que absurdo! Os judeus legalistas ficaram indignados com Jesus por não ter “guardado” o sábado, e pelo que disse a seguir: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” (5.17). Jesus foi acusado de transgredir dois mandamentos: guarda do sábado e blasfêmia contra Deus e por isso os judeus queria matá-lo (5.18): “Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não somente violava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus”. O versículo 15 corrobora o “método das testemunhas” quando após o homem curado ter encontrado o Senhor Jesus no Templo “... retirou-se e disse aos judeus que fora Jesus quem o havia curado”.
O método utilizado por Jesus foi o de amparar suas declarações com base na lei que reivindicava a autenticidade das declarações por meio de duas ou mais testemunhas (Dt 19.15): “Uma só testemunha não se levantará contra alguém por qualquer iniqüidade ou por qualquer pecado, seja qual for que cometer; pelo depoimento de duas ou três testemunhas, se estabelecerá o fato”. Os versículos 19 a 23 clarificam a importância da comprovação de algum milagre ou afirmação pelo depoimento de outra (s) pessoa (s) o que Jesus anteriormente havia dito do próprio Deus a seu respeito: “Se eu testifico a respeito de mim mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro. Outro é o que testifica a meu respeito, e sei que é verdadeiro o testemunho que ele dá de mim”.  Pelo menos cinco testemunhas testificam do nome de Jesus, em João 5, conferindo autoridade: João Batista (5.32-35), suas obras (5.36), o Pai (5.37), as Escrituras do Antigo Testamento (5.39,40) e Moisés (5.41-46).
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