A Igreja de Sardes é um
lembrete de que para Deus o importante não é a “fachada”, fama, posição,
estrutura, estética, visibilidade, publicidade e quantidade de pessoas de uma
determinada igreja local, pois, aquela Igreja até tinha nome de que vivia, mas para Deus, estava morta. As coisas
ditas acimas são importantes para nós, como eram para a Igreja de Sardes, mas
não essencialmente para o nosso Cristo. Que triste situação e quão grave era o
estado desse pastor e a igreja sob seu comando. O pastor Hernandez Dias Lopes
informa que
Sardes era uma
poderosa igreja, dona de um grande nome. Uma igreja que tinha nome e fama, mas
não vida. Tinha desempenho, mas não integridade. Tinha obras, mas não
dignidade.
Era uma igreja ativa, atuante,
trabalhadora, mas não eram honestos nem íntegros nas suas intenções. Foi
necessário o Senhor avaliá-la e o Seu veredito não foi nada agradável. Nós,
servos do Senhor, temos também de avaliar como
estamos exercendo nosso trabalho para Deus. O que está por trás das nossas
ações importa muito. Por que pregamos e com que intenção? Para glorificar ao
Senhor ou a nós mesmos? Esse critério serve para todas as ações que
empreendemos na Casa de Deus e na Sua obra. Receio de que muitas pessoas se
envolvem tão intensamente nas atividades da igreja, que, não possuem nem mesmo
tempo para fazerem seu devocional particular com o Senhor. Tomemos cuidado com
isso.
O versículo 2 anota que a
aparência do pastor e da igreja eram de vida, porém na realidade o estado era de
morte, e aponta para a ausência de santidade, zelo, devoção, compreensão, amor,
fruto do Espírito, etc. De nada adianta um culto solene onde não há integridade
nem dignidade. Por exemplo, se no culto ao Senhor não há correta intepretação
dos textos escriturísticos, haverá abuso doutrinário, “violência” teológica,
pregação maculada e por fim isso se caracteriza como falta de integridade e
honestidade espiritual.
No Antigo Testamento Deus
desaprovava o culto que fosse realizado sem total integridade. Esta, deve
abranger toda a nossa vida. Há pessoas que vive uma vida cristã eticamente
duvidosa, mas, quando assumem o púlpito agem como se fossem totalmente piedosos
ao Senhor. Pensam que conseguem “maquiar” sua participação na liturgia do culto
e ficar de bem com o povo. Deus recompensará cada um segundo as suas obras,
mas, muito mais segundo suas intenções. Por conta desse tipo de atitude no
culto o profeta Amós (5.21-24) pronuncia palavras pesadas a Israel:
“Eu odeio e desprezo
as suas festas religiosas; não suporto as suas assembleias solenes. Mesmo que
vocês me tragam holocaustos e ofertas de cereal, isso não me agradará. Mesmo
que me tragam as melhores ofertas de comunhão, não darei a menor atenção a
elas. Afastem de mim o som das suas canções e a música das suas liras. Em vez
disso, corra a retidão como um rio, a justiça como um ribeiro perene!”
O profeta Isaías também
não deixou por menos:
O Senhor diz: “Esse povo se
aproxima de mim com a boca e me honra com os lábios, mas o seu coração está
longe de mim. A adoração que me prestam só é feita de regras ensinadas por
homens”. Isaías
29:13
Jesus diz ao pastor de Sardes que fosse “vigilante”. Isso indica que não podemos enganar a nós mesmos com nosso sucesso, ética, moral, doutrina e fama. A igreja não pode se iludir com sua farta programação, qualidade musical, estrutura financeira, bons pregadores e coisas desse gênero. Corremos o risco de pensar sobre nós, mais do que verdadeiramente somos. Às vezes as coisas boas que outros dizem a nosso respeito pode nos conduzir a uma cilada por conta de um falso conforto e bem estar coletivo ou pessoal. É necessário avaliarmos nossas ações e atitudes (espirituais ou não) com sinceridade e honestidade diante do Deus que tudo vê e sabe.
Ao
pastor da igreja cabia a tarefa de esforçar-se para que as obras de amor e fé
de alguns poucos crentes, em Sardes, não desvanecesse e viesse a “morrer”: “Fortaleça
o que resta e que estava para morrer” (v. 2b). Se a situação espiritual da
igreja não era boa, poderia piorar. A ordem era fortalecer os que ainda eram
íntegros ao Senhor e consolidar as poucas boas ações que funcionavam na igreja.Isso
deveria ser feito com urgência, pois Cristo não
havia achado suas obras perfeitas diante de Deus (v.2c). O Senhor Jesus
examina as atividades coletivas da igreja bem como nossas ações pessoais. Tudo
deve seguir conforme Seu propósito e não conformar-se com os nossos desejos.
Isso fica entendido na expressão “obras perfeitas”. O que oferecemos ao Senhor
deve ser perfeito, não no sentido estético, visual, mas segundo sua ordem. No
culto do Antigo Testamento Deus não aceitava nenhum sacrifício de animal
defeituoso, por exemplo. Noutras palavras: faltava integridade cerimonial
(reflexo da ausência espiritual) da parte dos sacerdotes. Este grande mal
aconteceu nos dias do profeta Malaquias (1.8):
"Na hora de trazerem animais cegos para sacrificar, vocês não vêem
mal algum. Na hora de trazerem animais aleijados e doentes como oferta, também
não vêem mal algum. Tentem oferecê-los de presente ao governador! Será que ele
se agradará de vocês? Será que os atenderá? ", pergunta o Senhor dos
Exércitos.
Malaquias 1:8
Como
nosso Senhor Jesus é misericordioso ele exorta: “Lembre-se, portanto, do que
você recebeu e ouviu; obedeça e arrependa-se” (Apocalipse 3:3a). O comentarista
bíblico Simon Kistemaker sugere que esse versículo pode referir-se tanto há um
tempo curto quanto a décadas passadas. No caso de ser um tempo mais distante, a
nova geração estava distante do que aprendera do Senhor, no início da fundação
daquela igreja. Já não tinham o ímpeto dos primeiros irmãos. Quanto ao pastor,
ele recebera e ouvira a mensagem do evangelho, portanto, o Senhor pede que ela
torne a obedecê-la, e se arrependa da sua inatividade espiritual e indolência.
Caso
o pastor da igreja negligenciasse a vigilância o Senhor viria sobre ele de
maneira inesperada aplicando seu justo e verdadeiro juízo: “Mas se você não
estiver atento, virei como um ladrão e você não saberá a que hora virei contra
você” (Apocalipse 3:3b). Essa expressão não se refere à segunda vinda de
Cristo, mas, a um juízo histórico iminente. O sentido é que Jesus agiria com
surpresa, quando nem imaginassem. Isso demonstra a indiferença espiritual dessa
igreja. De alguma maneira o Senhor Jesus agiria punindo e demonstrando sua
reprovação com a atitude e ação do pastor da igreja.
A
cultura secular e mundana deseja veementemente que manchemos ou contaminemos
nossas vestes espirituais, macomunando com suas ideologias e ações: “No
entanto, você tem aí em Sardes uns poucos que não contaminaram as suas vestes”
(Apocalipse 3:4). Estes, com certeza “se dedicavam ao ensino dos apóstolos” (Atos
2:42) e mantinham a santidade exigida por Deus: “Diga o seguinte a toda
comunidade de Israel: Sejam santos porque eu, o Senhor, o Deus de vocês, sou santo”
(Levítico 19.2 cf 1 Pedro 1.15,16). Perseveravam e preservavam o que tinham
aprendido no início da fé cristã. As muitas concessões doutrinárias,
teológicas, bíblicas e litúrgicas que se andam fazendo nos últimos dias, tem
nos encaminhado a dilemas complexos e a extensas confusões.
Aos
poucos fiéis, Jesus diz que eram dignos de
andarem com ele vestidos de roupas brancas – símbolo da santidade e pureza. Refere-se
aos que se mantiveram puros da corrupção do pecado. Na verdade, todos os nossos atos de justiça são como
trapo imundo (Isaías 64:6), mas, com base no sacrifício vicário de Cristo somos
considerados justos e pela obediência aos seus mandamentos, declarados dignos.
Em outras palavras não há mérito algum da nossa parte diante de Deus, tanto na
redenção, justificação, santificação, adoração e ascensão. O que somos, como
cristãos, não nos torna mais apreciado que outros quanto às exigências de Deus,
pois, somos santificados por meio de Cristo e não por nossos próprios esforços.
Ser santo por esforço próprio, e somente
humano, não é mais valioso que uma pessoa não regenerada, mas moralista. Estou
convencido de que os fanatismos entre os evangélicos é fruto de uma falsa
santidade produzida por esforço próprio e não pelo Espírito Santo de Deus.
Como
havia muitos mortos espirituais na
Igreja de Sardes, era necessário que a promessa de Cristo aos poucos crentes fiéis
fosse contundente, para que estes se tranquilizassem. Jesus disse que o vencedor seria vestido de branco e jamais
apagaria o seu nome do livro da vida e o reconheceria diante do Deus Pai e dos
seus anjos (Apocalipse 3:5). Novamente temos a clara ideia de que nossa
salvação e recompensa são alcançadas exclusivamente pela graça e o mérito é totalmente de
Cristo. A expressão diz que o vencedor será vestido, isto é, Cristo é quem
nos dá as vestes, a voz está no modo passivo. Não vestimos a nós mesmos, mas
isso é proveniente do Senhor.
A
segunda promessa é a de que o vencedor jamais teria, ou terá seu nome apagado
do Livro da Vida. Aqui o ponto chave são as doutrinas da eleição e segurança
eterna da salvação. Desde quando os nossos nomes estão escritos no Livro da
Vida? Após a pessoa receber a Cristo como Salvador? O nome de todos que “recebem”
a Cristo, no culto, são automaticamente escritos no Livro da Vida? Deus escreve
o nome de um verdadeiro regenerado no livro da Vida e depois o apaga se vier
pecar? Mas, um crente verdadeiramente regenerado não corre o risco de pecar?
Como Deus procede quando um cristão regenerado peca?
São
perguntas de fatos intrigantes, e a estas poderiam somar muitas outras. O que
penso entender das passagens bíblicas que tratam sobre esse tema é que ou os nomes das pessoas estão escritos
no Livro da Vida ou não; Jesus não apaga e depois reescreve ou escreve e
depois apaga. Note os textos abaixo:
Se o nome de alguém não foi
encontrado no livro da vida, este foi lançado no lago de fogo. (Apocalipse 20:15)
Nela jamais entrará algo impuro, nem ninguém que pratique o que é
vergonhoso ou enganoso, mas unicamente aqueles cujos nomes estão escritos no livro da vida do Cordeiro. (Apocalipse 21:27)
Todos os habitantes da terra adorarão a besta, a saber, todos aqueles
que não tiveram seus nomes escritos no
livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a criação do mundo. (Apocalipse 13:8)
O vencedor será igualmente vestido de branco. Jamais apagarei o seu nome do livro da vida, mas o reconhecerei
diante do meu Pai e dos seus anjos. (Apocalipse 3:5)
A besta que você viu, era e já não é. Ela está para subir do abismo e
caminha para a perdição. Os habitantes da terra, cujos nomes não foram escritos no livro da vida desde a criação do
mundo, ficarão admirados quando virem a besta, porque ela era, agora não é, e
entretanto virá. (Apocalipse 17:8)
Sim, e peço a você, leal companheiro de jugo, que as ajude; pois lutaram
ao meu lado na causa do evangelho, com Clemente e meus demais cooperadores. Os seus nomes estão no livro da vida.
(Filipenses 4:3)
Concluo
afirmando que, como a Igreja de Sardes milhares de igrejas e milhões de pessoas
evangélicas necessitam de um genuíno avivamento em nossos dias. Infelizmente, o
“avivamento” que muitos estão buscando e outros dizem ter alcançado, não tem de
fato avivado a vida cristã em todas as suas áreas. Não acredito numa vida
cristã avivada onde continuamos barganhando a ortodoxia doutrinária e teológica;
onde há pecados sabidamente inconfessos dentro da igreja; onde priorizamos os
louvores em detrimento da exposição da Palavra; onde temos que inventar moda na
liturgia do culto para exercer atração no público; onde alguns acreditam que os
métodos humanos e técnicos são tão eficientes quanto os métodos de Deus, que
estão bem claros na sua Palavra; onde não agimos com honestidade e enganamos as
pessoas nas pequeninas coisas que fazemos; onde mentimos a troco de nada; onde
obreiros e pregadores retiram seus sermões literalmente da internet e ensinam a
igreja como se fosse mensagem vinda do céu; onde igrejas tem vivido mais um
evangelho pagão do que cristão; onde passamos mais tempo nas redes sociais do
que lendo, meditando e estudando a Palavra de Deus, buscando a Deus em oração
junto com nossa família.
Precisamos
urgente de um genuíno avivamento. Faço coro com o pastor Augustus Nicodemus ao
comentar sobre o que considera de fato um genuíno avivamento (LEIA AQUI):
E, portanto, creio que é seguro dizer que apesar de toda a agitação em
torno do nome, o Brasil ainda não conheceu um verdadeiro avivamento espiritual.
Depois de Finney, Billy Graham, do metodismo moderno e do pentecostalismo em
geral, “avivamento” tem sido usado para designar cruzadas de evangelização,
campanhas de santidade, reuniões onde se realizam curas e expulsões de
demônios, ou pregações fervorosas. Mais recentemente, após o
neopentecostalismo, avivamento é sinônimo de louvorzão, dançar no Espírito,
ministração de louvor, show gospel, cair no Espírito, etc. etc. Nesse sentido,
muitos acham que está havendo um grande avivamento no Brasil. Eu não consigo
concordar.
Que
o Senhor tenha misericórdia da igreja evangélica brasileira, e que encontre
homens, mulheres, jovens e adolescentes, dispostos a buscá-lo com humildade,
confissão de pecados, arrependimento, santidade e desejo por sua Palavra.
Em
Cristo,
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