domingo, 21 de junho de 2015

O PASTOR E O JORNALISTA


Nessa semana que passou os ânimos de duas pessoas importantes e públicas em nosso país explodiram em palavras chulas, rasteiras, ofensivas e até de baixo calão. Que pena! Um pastor e um jornalista que exteriormente são contra a intolerância se tornaram intolerantes um ao outro. Quero adiantar que em minha opinião ambos erraram objetivamente em seus atos. O jornalista por baixar o nível do “diálogo” e proferir palavrões numa rede nacional de rádio para milhões de pessoas. O pastor por também usar palavras ofensivas, tripudiar seu oponente, desafiá-lo e suscitar sua ira.

Conforme publicado pela imprensa em geral “o motivo da confusão foram os comentários de Boechat [o jornalista] sobre os recentes casos de intolerância religiosa no Rio de Janeiro”. Quase que imediatamente o referido pastor usou o Twitter para criticar a generalização e desafiar o jornalista para um debate.

Penso que a mídia em seu papel de informar não subjuga a tentação de aderir a um tipo de sensacionalismo e passa a emitir opiniões particulares, exclusivistas, preconceituosas e descabidas. Deveriam estender o debate democraticamente, convidar teólogos ou pastores para discutir em conjunto com outros grupos religiosos a questão da intolerância religiosa. Por vezes são unilaterais. É nesse sentido que se enquadra também o jornalista. Emitiu publicamente um parecer sem se importar em saber o que os pastores neopentecostais entendem e pensam sobre o assunto em questão. Logicamente a fúria religiosa e “piedosa” das pessoas que jogaram pedra no grupo religioso atingindo uma menina não representa a atitude nem atos dos evangélicos em geral. O jornalista em questão possui ideias e opiniões que não se coadunam com o senso geral de outras pessoas.  

No caso do pastor em questão ele não errou em fazer uso da liberdade humana para contrapor ao entendimento em que o assunto se direcionava naquele momento entre os jornalistas do programa de rádio. Todos têm esse mesmo direito e muitas vezes calamos diante de opiniões arbitrárias e contrárias ao procedimento que nós evangélicos temos de determinados assuntos. Ou seja, alguns grupos evangélicos são mudos diante de tantas polêmicas.    

Penso que os erros do referido pastor esteja em algumas de suas atitudes tais como: 1º) o volume com que se pronuncia; 2º) a maneira de escrachar seus adversários; 3º) emite suas opiniões como se fossem vereditos; 4º) a relatividade e volatilidade na escolha de seus adversários; 5º) a crença de que sua opinião particular é a mesma do rebanho evangélico no Brasil; 6º) a superexposição midiática; 7º) a despreocupação irresponsável em causar antipatia tanto com relação a sua pessoa quanto aos evangélicos em geral, e muitas outras coisas.

O referido pastor excede muito no volume de seus pronunciamentos. Em outras palavras “fala muito”. Essa necessidade de se pronunciar acaba por gerar certa antipatia. Deve se pronunciar sim, mas de maneira comedida. Dias atrás sugeriu uma campanha para boicotar uma rede de perfumes porque a empresa fez um comercial com inclinação homossexual. É sabido de todos que os evangélicos são contra a prática homossexual, mas há irmãos que não deixarão de comprar os perfumes desta empresa por causa do comercial. Por tanto falar acaba falando coisas fúteis.

Ao tratar com nossos opositores não devemos usar de linguagem mundana, tais como imbecil, idiota, pilantra, "mané", e por aí afora, ainda mais aos que ocupam uma posição tão abençoada como é o caso dos pastores. Não devemos também ser grosseiros e assim incitar à ira do opositor. Devemos “lutar” com as armas da verdade, mas em amor, e não causando uma “guerra” civil. Temos de ceder se estamos sendo ignorantes e ríspidos. Nossas opiniões pessoais não podem servir para atacar ou tentar desmoronar o moral das outras pessoas que não possuem a mesma opinião que a nossa. Elas são as nossas opiniões e não deveriam configurar como vereditos (a não ser que tenha correto fundamento bíblico e goze da simpatia de todos). Têm-se que ter prudência ao mencionarmos atos de pessoas numa pregação feita num púlpito de igreja, quanto mais usarmos redes sociais para comentar sobre elas.

Sabemos que os que não foram iluminados pelo poder do Espírito para o arrependimento e fé no evangelho de Cristo são cegos espiritualmente, carentes do novo nascimento. Portanto, pode ser frustrante um debate com gente obstinada e que não tem a mente de Cristo. Podemos pensar que não somos religiosamente intolerantes, mas talvez sejamos socialmente intolerantes. Se continuar assim é bem provável que a massa evangélica tome pra si as dores do referido pastor e promova uma “cruzada” evangélica contra os “inimigos do evangelho”. Seria o caos.

Nesse sentido, precisamos de um avivamento que promova em nós não orgulho pessoal, espiritual ou denominacional, mas um desejo profundo de dependermos mais de Deus, arrependimento de nossos pecados, buscarmos viver na prática o caráter cristão, utilizar mais os meios da graça – oração e leitura da Bíblia. Devemos ser zelosos com inteligência e não com esbravejamento e gritaria.


No amor de Cristo,

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